Adoro aproveitar as coisas (mas não me aproveitar delas, ok). Consequentemente, não gosto de desperdício. Por exemplo, sou uma chef de primeira quando o negócio é aproveitar R.O. e R.S. Um dia posso postar algumas dicas, até porque, com cerveja, sempre cai bem um petisco de R.O.
Mas continuando... quando vou pantar os amigos psicólogos, aproveito e levo uma amiga de infância, ou os amigos do mestrado, ou alguém da família, ou os amigos do "lado" do my love. Se tô voltando da aula, aproveito e passo na farmácia, no cartório, no supermercado.
Além disso, não gosto de desperdícios, já disse. Busco o uso consciente de água e fontes de energia. Ô gente, não sou pão dura não! Já aprendi a reduzir um bocado da culpa implicada no consumo.
Esse lance de aproveitar também num tem a ver com habilidade em conciliar. Num sou boa nisso. Tem mais a ver com preguiça. Sou um cadim preguiçosa, mas num sentido bem fofinho, juro.
Bom, mas não quero amostrar só essa faceta minha no auto retrato. É que... sabe... é que... não pude deixar de aproveitar bem ali um negócio muito, mas muito mais melhor que qualquer outra coisa que eu me esforçasse pra produzir agora:
Retalhos
Meu riso torto é do meu pai
Meu jeito distraído é pra não esquecer da família
Meu andar de certeza
é minha dúvida contínua
Meu reflexo no espelho
passa pelos olhos das minhas amigas
Faço caras e bocas
Sou cheia de manias
Não deixo de ser dura
Tenho palavras preferidas
que só quando dá é que rimo
e outras que recrimino
Obviedade é uma
Porque não tenho rotina
essa que meu dia coaduna
Só faço aquilo que desejo
Enquanto me ocupo do que não gostaria
Gosto de abraço e beijo
De olhar o umbigo e o espaço
Faço mimos pro meu amado
Porque assim é bom, eu acho
Se com preguiça, o tempo passo
De mãos atadas não fico
A culpa em mim se afirma
Porque sempre a rechaço
Na minha continuidade serena
Minha idéia se impacienta
Não gosto de espalhar isso
Não pra fazer esconderijo
É que certas coisas eu não digo
São melhor guardadas comigo
Se assim eu agüento
Conheço muita gente
Mas dentro de uma casa
Não pode ter todo mundo
Mas que lástima, não ter tudo
Ainda bem
Porque não gosto de barulho
Sou assim mesmo quieta
E ainda sim, por aí luto
Porque não se pode ficar parada
Pena não ser tudo
Quando não se pode ser nada
Quase sou corajosa
Quase me faço entender
Dessas coisas,
Umas quase posso fazer
E outras, só queria mesmo ser
Quase quero ser disso diferente
Quase comigo faço desfeita
Mas não sou desfeita
De retalhos sou inteira
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Meu autorretrato
Bom, já que alguma criatura desumana criou este tema pra iniciar o blog, cá estou eu com meu vestido sem botões pensando em como falar de mim. Lembro-me a princípio, do Nerson da Capetinga "eu sou eu, o senhor é o senhor", mas acho que minhas colegas mioleiras não iam permitir uma descrição tão sucinta. Então vamos aos velhos detalhes técnicos sobre mim mesma.
Sou uma apaixonada pela minha família. Você pode até pensar: grande coisa, quem não gosta dos seus? Acredito em você, mas como rezam as regras da boa educação, você também deve acreditar em mim quando digo que comigo é diferente. Não vou nem falar do imensurável amor pelos pais, do amor sem limites pelo filho ou da minha opção de vida (marido). Estes são por demais óbvios. Mas o chamego que tenho pelos meus irmãos e a cumplicidade que nasceu daí é um dos tesouros que trago na vida. Alguns primos também gozam dessa condição, em menor escala. Por fim, aqueles amigos, que de tão preciosos, são guardados a sete chaves (tão bem guardados que às vezes dá preguiça de achar as chaves e dar um alô pra eles...). Estes também são tesouros valiosos.
Mas voltemos a mim e a minha necessidade de falar tudo e a vontade de terminar por aqui.
(...)
Entre a necessidade e a vontade, hoje fico com a vontade.
Sou uma apaixonada pela minha família. Você pode até pensar: grande coisa, quem não gosta dos seus? Acredito em você, mas como rezam as regras da boa educação, você também deve acreditar em mim quando digo que comigo é diferente. Não vou nem falar do imensurável amor pelos pais, do amor sem limites pelo filho ou da minha opção de vida (marido). Estes são por demais óbvios. Mas o chamego que tenho pelos meus irmãos e a cumplicidade que nasceu daí é um dos tesouros que trago na vida. Alguns primos também gozam dessa condição, em menor escala. Por fim, aqueles amigos, que de tão preciosos, são guardados a sete chaves (tão bem guardados que às vezes dá preguiça de achar as chaves e dar um alô pra eles...). Estes também são tesouros valiosos.
Mas voltemos a mim e a minha necessidade de falar tudo e a vontade de terminar por aqui.
(...)
Entre a necessidade e a vontade, hoje fico com a vontade.
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Auto retrato: Danielle
Metade (Oswaldo Montenegro)
Que a força do medo que tenho
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que o homem que amo seja pra sempre amado
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a uma mulher inundada de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também. (♪)
Autorretrato - Fevereiro/2010
Onde foi que eu deixei as chaves? Em cima da mesinha? Nao. Dentro da mochila? Nao. Da bolsa? Nao. Ah, estao do lado do cafe e do remedio pra azia. Ta quente la fora. Nao, ta frio. Preciso das luvas. Na mala baleia azul? Nao. Baleia sou eu. To gorda... Ah, no saquinho de pecas intimas e miudas da ultima viagem. Na outra mala. Por que nao aprendo a desfazer as malas assim que chego? Saco. Mas antes de sair vou deixar o carneiro no forno. Sal, pimenta-do-reino moida na hora, mostarda, shoyu, molho ingles e raspas de tangerina. Cade o gengibre? Ih, apodreceu. Vai assim mesmo, sans gengibre. Preguica de acrescentar alho e cebola. Se tivesse um vinho tinto ia ser otimo. Nao tem. Deus abencoe quem inventou o papel-aluminio. Agora eh so deixar assar em fogo baixo ateh dar um trovao. Quando voltar preparo o arroz. Putz, se tivesse feito o carneiro cozido dava pra fazer um pirao. Mas nao tem farinha. Ouquei, deixa pra proxima. Fio, precisa de alguma coisa do supermercado? Espuma de barbear. E remedios. Na farmacia, ok. E cigarros. Malditos cigarros. Trocar o sapato, lalala, vestir o casaco, lalala, a echarpe, lalala, bye baby, love you, will be right back, arrastar o carrinho de compras. Dinheiro? Ok. Cartoes de credito? Ok. Passaporte? Ok. Chamar o elevador. Olho pro indicador que aperta o botao. Esqueci as luvas. Preciso fazer as unhas. Vermelho. Mas nem vale a pena, com a ruma de louca pra lavar todo dia. Chega o elevador. Abrir o elevador com a chave (!?!). Entrar, plunct! - uma sacudidela. To gorda... Sair do elevador, caminhar alguns passos, abrir o portao do predio. Frio. Sair caminhando, dobrar a esquerda. Salve, Giulio! Salve, Angelo! Dora, come stai, tutto a posto? Dinheiro-cartoes de credito-passaporte? Ok. Lalala. O iPod me acompanha na falta de uma amiga querida pra conversar, discutir, arengar. "I Will Survive". Mais um pouquinho, chegar ao supermercado. Nao esquecer o papel higienico. Mostarda, pao, "prostituto" (prosciutto), scamorza. Espuma de barbear! To na contagem regressiva, tenho que comprar mozzarela di bufala tambem, alias, tenho que comer mozzarela di bufala todo dia ateh ir embora. Sabe-se la quando vou comer de novo? Bom, se nao for paneer ja to no lucro. Caralhos de asas, esqueci de colocar alecrim no carneiro. "Bue Moon". Eh que o iPod ta no aleatorio. Ulha, um queijinho pastoso com lactobacilos! Vivos! Chocolate, biscoitinhos de amaretto, cerveja, vinhos, tarallnii - ai, tarallini... - pizzas prontas tambem porque ninguem eh de ferro. Caixa, tudo pago. Dinheiro-cartoes de credito-passaporte? Ok. Ir na velhinha da tabacaria comprar cigarros. "Milord". Buona sera, etc. Cigarros, ok. Carvedilol e Lasix na farmacia. Remedios pra emagrecer no mostruario a direita. To gorda... Grazie mille, arrivederci, caminho da roca, digo, de casa. Dinheiro-cartoes de credito-passaporte? Ok. Mesma sequencia, so que na ordem inversa: portao-elevador com chave. Chegar em casa. Fio diz que acabou de receber um email pedindo que a gente calcule uma especie de milagre. E eu esqueci o papel higienico.
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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Auto retrato: Borboleta
Acontecem-me coisas surreais. Podia parar aqui, mas não paro. Uma certa inclinação para a felicidade ou, pelo menos, para o riso. Finita, por nascimento e vocação. Leio de tudo e com desespero. Escrevo sem vírgulas, pontos ou educação. Mau gênio não tenho, eu acho, mas me inflamo com facilidade. Já fui mais jovem, hoje sou mais feliz. Certa da solidão, fui me acostumando a ser boa companhia. Grata por ter amigos, porque, pensando bem, sou uma péssima amiga. Daquelas que esquece o dia do aniversário, raramente liga só pra saber se o amigo vai bem e, muitas vezes, diz exatamente o que o amigo não quer ouvir só pelo excesso de zelo com a verdade e um apego irremediável às minhas próprias idéias e opiniões. Mas tenho sorte. Às vezes faço de conta que sou completa, geralmente com uma taça de vinho na mão. Ou vendo o meu Mengo. Ou cheirando o cangote do meu filho. Hollanda, por parte de mãe e de Chico. John Wayne, por parte de pai. Borboleta e Graúna por escolha e história. Tenho uma sacola de viagem permanente no meu juízo e a alma, de tão cigana, não para em palavra nenhuma. No turismo, sou amuleto. Gostaria de escolher meus defeitos, mas não dando certo isso, continuo teimosa. Não sei usar a nova regra ortográfica. Nem a velha, talvez. Nunca fui inocente: o mundo nu e o assombro. Agatha, Duras, Clarice. Vozes: Piaf, Callas, Bethania. Vinícius, bastante. Na ponta da língua: sushi, massa, scamorza, torresmo, pele e línguas alheias. Mangueira no samba e pra suco. Fred, porque faz dançar até um cabide. Para citações: The Godfather. Desejos: Money pra caprichos e viagens. Ainda vou: Maracanã, dançar todo dia, voltar a Roma. Came, Marcelo! Ave, Ava, Anita, Vivian. Filmes, sim obrigado. P&B, melhor. Nino e Norma. Dama e Vagabundo. Tomas e Teresa. Conforto, sim. Gata de apartamento, adoro “mei de rua”. Andar de mãos dadas. Cama. Cama, mesa e banho. Mas, bom, bom mesmo é sal, se você já leu Verissimo.
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O pote da semana
Ainda sofrendo em escrever de acordo com as novas regras da língua portuguesa, eis o nosso pote da semana: Autorretrato.
Já que estamos começando a nossa empreitada rumo ao non-sense, nada mais justo que expor o nosso nível de doidice já no começo do blog, assim ninguém fica pensando que aqui vai rolar papo-cabeça (que eventualmente pode acontecer, of course, mas não é pré-requisito)... Aliás, papo-cabeça perdeu o hífen e ficou papocabeça??? ... Bom, não importa. O que importa é que o Flamengo é hexacampeão, o Banco Real dá 10 dias sem juros e que este blog agora está, definitvamente, no ar!
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