domingo, 22 de agosto de 2010

A de Altar Particular

Altar Particular é o nome de uma música da Maria Gadú. Essa aqui. A primeira vez que ouvi a Gadu foi numa versão de Baba, baby e pensei: voz legal, mas que idéia horrenda regravar essa bobagem. Continuo achando exatamente isso quanto à regravação de baba, baby; mas já comecei a achar que há, na Maria Gadú, bem mais que uma voz interessante. Ela tem uma inteligência na composição e uma sensibilidade nas interpretações que, realmente, cativam-me.

Vocês sabem e perdoam minhas preferências nostálgicas, compreendem que, música pra mim, é do tempo da antiga mente. Mas a Gadú tem um charme e uma pertinência que a fazem ser das que mexem com meu imaginário.

Altar Particular é uma música sábia. É sobre o amor, claro. E sobre as escolhas de quem ama e é amado.

Primeiro ela nos apresenta pra quem canta, o de sempre, aquele a quem nos devotamos...
Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular

Depois, indica que não, as coisas não vão bem, há dores e ausências (sim, eu digo que não, mas sinto falta do sotaque lusitano nas mensagens)
Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal

A seguir, ela dá a primeira opção: deixe, vá embora, assuma que não quer, devolva meu coração e minha possibilidade de amar.
E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós

E, no momento seguinte, dá a opção dois, aquela que realmente queremos, tão insensatamente desejada:
Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser
Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer

E ela admite: estou esperando que você diga, que você saiba, que você queira.
Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor
Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor.

Eu gosto dessa música no agora do que eu vivo. Amores jovens, possibilidades, desejos. Não a aceito no que já vivi. Não dou o direito de alguém que, convivendo tanto e intensamente, não saiba. Homem que é homem (como diriam a Lica e o Veríssimo) se não sabe faz de conta que. Ele decide. Ele resolve. Então, Gadú, fica combinado assim: pra recentes amores possíveis, Altar Particular...pra velhos amores sofríveis, um bom: Vá pastar!


4 comentários:

Danielle Martins disse...

Também gosto da Gadú. Gosto de você. Gosto de amar e ser amada!

Ana disse...

Nao tenho a menor ideia de quem seja Gadu. Maria tem muitas, mas tenho certeza que voce nao se refere a nenhuma das que conheco.
Enfim.
Fia, sinceridade?
V
O
C
E
Decide. E resolve.
:)

Luciana Nepomuceno disse...

Eu nem botei link, né? Que vergonha...

Luciana Nepomuceno disse...

Eu nem botei link, né? Que vergonha...